Fatos REAIS - Aproximadamente 6 anos atrás
Batizado como o "Dia L", esta guerra teve como principal motivo a vontade de chamar a atenção, disputada entre 46 indivíduos fechados num espaço de 80 m quadrados, num embate violento e sanguinário... Perdi vários de meus amigos nessa batalha, um deles foi expulso, outros dois, suspensão de 1 semana, outro foi ferido por um apagador na testa e levou três pontos. A batalha durou apenas 10 minutos, mas foi o suficiente para ficar guardada na história do Liceu, e na memória de todos que estavam presentes naquele fatídico dia. Ao fundo da sala 2 da Senzala, no meio da aula de Geografia, alguém jogou uma bolinha de papel em um colega. Logo, o indivíduo atingido revidou, mas acabou acertando em uma terceira pessoa, o que foi desencadeando o nascimento do Dia L. Quando o embate começou, a professora não estava presente na sala de aula. Após 30 segundos eu já havia sido atingido por 2 projéteis pontiagudos feitos de giz, mas felizmente não me atingiram em pontos vitais. A sorte sorriu p/ mim, e ao meu lado esquerdo, perto da saída da sala(que já havia sido trancada pelos "soldados"), havia algo que parecia ser uma trincheira, que cabia apenas 1 pessoa dentro, recém-formada por 4 carteiras, e não havia ninguém dentro. Me refugiei nessa "trincheira", e lá fiquei, apenas observando aquelas cenas de terror, que estão gravadas na minha mente até hoje, e que irei levar a vida inteira, com certeza. Eu me lembro que havia uma menina(não vou citar nomes aqui) que me viu dentro da "trincheira" naquele dia, e chorando, gritou pra mim:
- "Roubaram meu celular!! Me ajuda por favor!!!"
Após isso, ela foi engolida pela multidão enfurecida e incontrolada. 1 minuto depois, alguém tentou levar uma das carteiras que fazia parte da composição da "trincheira", não sei pra quê, talvez ele quisesse jogar a carteira em alguém... acredite, é possível.
Mas eu não deixei e lutei até o fim. Ele tentava puxar, mas eu segurava e não deixava ele levar a carteira. De tento eu insistir, ele acabou desistindo, mas quando ele soltou a carteira, digamos que a Física funcionou como já era esperado... a carteira veio com tudo pra cima de mim, e acabei cortando o cotovelo com as pernas dela. Tive sorte que era uma carteira nova e as pernas estavam pintadas, por isso não corri risco de tétano, já que a maioria das carteiras eram enferrujadas.
A guerra continuava e incontáveis objetos voavam em todas as direções. De vez em quando alguns vinham parar dentro de minha "trincheira", e eu sempre jogava de volta, no meio da multidão. Mas certa hora, um certo objeto caiu, e me impediu que eu o jogasse de volta, porque se tratava nada mais nada menos do que um CELULAR, cor-de-rosa e preto. Adivinha de quem era...
A guerra durou até o inspetor arrombar a porta e levar TODOS os 46 alunos para a diretoria. Lá, um por um, em ordem alfabética, foi prestar depoimento. Assim que eu terminei, fui liberado, porque vários amigos meus de outra turma que testemunharam essa guerra viram que eu fiquei o tempo todo escondido, e tinham provas visuais(Eles gravaram vídeo e tiraram fotos). Após a minha liberação, fui até a portaria, peguei minha carteirinha e fui direto embora p/ casa. No outro dia voltei, como se nada tivesse acontecido no dia anterior, porque a vida tem que continuar... mas de uma coisa tenho certeza: as cenas não saíram e não sairão tão cedo da minha cabeça...Até hoje, no Liceu, se você perguntar a alguém que estuda ou trabalha lá desde 2006 sobre o Dia L, ele saberá te responder...
Relatos de um sobrevivente - Erick Silva, aluno da turma 802, 8ª série do Liceu, em 2006
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